14/06/2009

Mistério " Lingua Portguesa"



Conto de mistério

Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era quase impossível a qualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto. No local combinado, parou e fez o sinal que tinham já estipulado à guisa de senha. Parou debaixo do poste, acendeu um cigarro e soltou a fumaça em três baforadas compassadas. Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se encontrava no café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda.
Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um guaraná. O outro sorriu e se aproximou:
Siga-me! - foi a ordem dada com voz cava. Deu apenas um gole no guaraná e saiu. O outro entrou num beco úmido e mal-iluminado e ele - a uma distância de uns dez a doze passos - entrou também.
Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia na frente olhou em volta, certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e bateu numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.
Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no centro, via-se uma mesa cheia de pequenos pacotes. Por trás dela um sujeito de barba crescida, roupas humildes e ar de agricultor parecia ter medo do que ia fazer. Não hesitou - porém - quando o homem que entrara na frente apontou para o que entrara em seguida e disse: "É este".
O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que falara. Este passou o pacote para o outro e perguntou se trouxera o dinheiro. Um aceno de cabeça foi a resposta. Enfiou a mão no bolso, tirou um bolo de notas e entregou ao parceiro. Depois virou-se para sair. O que entrara com ele disse que ficaria ali.
Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou uma rua mais clara, assoviou para um táxi que passava e mandou tocar a toda pressa para determinado endereço......

Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou uma rua mais clara, assoviou para um táxi que passava e mandou tocar a toda pressa para determinado endereço. O motorista obedeceu e, meia hora depois, entrava em casa a berrar para a mulher:
Julieta! Ó Julieta... consegui.
A mulher veio lá de dentro enxugando as mãos em um avental, a sorrir de felicidade. O marido colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote e verificou que o marido conseguira mesmo. Ali estava: um quilo de feijão.
Stanislaw Ponte Preta
Sergio Porto ou Stanislaw Ponte Preta como era conhecido, foi um dos mais importantes jornalistas da década de sessenta, quando tinha trinta e poucos anos.
Ele viveu o auge de sua carreira nos anos sessenta quando a Ditadura foi implantada no Brasil. Sergio Porto, o nome verdadeiro de Stanislaw Ponte Preta, era irônico, inteligente, atento a tudo. Seu jeito de contestar era sacaneando tudo e todos. Criou o “Festival de Besteira que assola o Brasil”, e no dia a dia de suas crônicas contava coisas absurdas que aconteciam no país sob o comando dos milicos.
E como o que é bom dura pouco no Brasil ele morreu cedo e ao morrer não deixou de ser sacana e irônico. “Tunica, eu tô apagando". Essas foram as últimas palavras ditas pelo autor para sua mulher, ao sofrer seu derradeiro infarto, no dia 29 de setembro de 1968. Frases que marcaram a carreira dele: Mais inchada do que cabeça de botafoguense""Mais assanhado do que bode velho no cercado das cabritas""Mais suado do que o marcador de Pelé""Mais duro do que nádega de estátua``Mais murcho do que boca de velha;




SALA INFORMATIZADA
COORDENADORA: ROSIMAR
LÍNGUA PORTUGUESA
PROFª RACHEL PANTALENO LEAL
Sétima série 70

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por passar por aqui.